quinta-feira, 24 de maio de 2012

Lendo faces...




DICA PARA FINAL DE QUINTA-FEIRA!!!!!!


     Você já ouviu falar em Alexander Todorov?... Bem, a não ser que você seja alguém interessado pela Neurociência Social ou Psicologia Evolucionista, provavelmente não! Ok. Mas você já ouviu falar que nossa face tem incríveis propriedades capazes de informar aos outros nosso humor, nosso grau de confiabilidade, nossa beleza e mesmo nossa personalidade? Provavelmente SIM!
     Acontece que Alexander Todorov é o psicólogo que libera o Social Cognition & Social Neuroscience Lab (Laboratório de Cognição e Neurociência Social) da Universidade de Princeton - EUA. Esse laboratório é pioneiro e uma referência no estudo das percepções sociais com base em rostos humanos.
     Mas você vai me dizer: O que tudo isso tem de tão legal, Thales? ... E eu vou responder solicitando que você acesse esse link e assista cada um dos vídeos de 20 e poucos segundos.
     São vídeos reais, produzidos com tecnologia do próprio laboratório, mostrando as mudanças nos traços faciais e suas relações com personalidade, confiabilidade, atratividade, etc. É muito enriquecedor - e até mesmo engraçado - assistir a cada um deles, tentar aprender os padrões de mudança, e aplicá-los no cotidiano; não para discriminar, afinal, essa seria uma estratégia tola, pois apesar de estatisticamente significativa, a relação entre traços faciais e características de personalidade não é absoluta, ou seja você acabaria cometendo muitos erros (em função dos desvios-padrão estatísticos).
    O verdadeiro objetivo destes vídeos é que essas informações possam servir para você como um sinal indicativo de um padrão de personalidade do outro que, sozinho não significa muita coisa, mas junto com outras características percebidas pode ajudá-lo a entender melhor as outras pessoas e, ao entendê-las melhor, você acaba por se relacionar melhor com elas. ;)

Fonte Imagem 1: http://webscript.princeton.edu/~tlab/AlexFrontpage-draft2.jpg 
Fonte Imagem 2: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizdMWX6Yo8ABej_CbG3Eaq0Vt_XQzaEJi_yZZa0QnpkEKyjZYQgdEOJg_r2LVE7EHBPI5C7hvbNv5TMA_vSMmPdzPJKHw8YH0Ofh5QjgdQxfaGDMXlUBsQHieO9_a1Eo_kQ7pwnRH0u1dd/s1600/faceyoucantrust.jpg 

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Resposta de Jonathan Alpert e as possibilidades da Psicoterapia Unificada




Ontem, logo após escrever sobre o polêmico artigo do psicólogo Jonathan Alpert, eu enviei um e-mail para ele compartilhando a situação da psicoterapia no Brasil e as críticas que venho recebendo a esse blog, e perguntando se a solução não seria fazer uma unificação das psicoterapias, com base nas evidências científicas.  Hoje recebi sua resposta. No fim de um e-mail muito bem elaborado, ele me respondeu o seguinte: "i think it is difficult to have a unified approach to therapy since it isn't a hard science and everyone's issues are different.  We'll have to keep doing good work" (algo como: "Acho difícil formar uma teoria unificada da psicoterapia, pois não se trata de uma ciência exata e as questões de todos são diferentes. Nós vamos ter que continuar fazendo um bom trabalho").
Respeito o posicionamento dele, mas só concordo com a segunda parte da resposta. Para dar um exemplo, pode-se dizer que a ciência médica também não é exata, no entanto muitas das especialidades (talvez com exceção da psiquiatria) estão unificadas.
Por isso, sigo fazendo meu trabalho adequadamente, porém não abro mão de lutar pela unificação da psicoterapia, da forma como o eminente psicólogo cognitivo Robert Sternbeg "desenhou" em seu artigo publicado na prestigiosa revista American Psychologist e que deu origem a várias outras publicações, inclusive a duas revistas científicas próprias para discutir a proposta de unificação da psicoterapia: a Journal of Psychotherapy Integration (que faz parte da respeitada American Psychological Association - APA) e a recente Journal of Unified Psychotherapy and Clinical Science.

Em breve, postarei mais informações sobre essa questão da unificação da psicoterapia à luz das evidências científicas, suas possibilidades e seus impedimentos.
Muito obrigado pela atenção!

Fonte da Imagem: http://encefalus.com/wp-content/uploads/2008/09/unified_theory_of_psychology.jpg

quarta-feira, 9 de maio de 2012

O caso "Jonathan Alpert" (EUA)

Saudações!


   Hoje quero apenas compartilhar com vocês um artigo publicado no The New York Times - Sunday Review, pelo psicoterapeuta Jonathan Alpert, intitulado: "In Therapy Forever? Enough Already" (algo como: "Para sempre em terapia? Já basta!"). Estou divulgando esse texto tanto para informar quanto para demonstrar àqueles que criticaram minha iniciativa, que não é apenas "o Thales, do Brasil", quem repudia e se levanta contra estes profissionais corruptos que mantém pacientes em atendimento durante um tempo desnecessário, devido à sua base teórica não científica.
     Obs.: ainda não tenho autorização nem do jornal, nem do autor, para traduzir o texto. Por isso, envio na língua original.
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In Therapy Forever? Enough Already


My therapist called me the wrong name. I poured out my heart; my doctor looked at his watch. My psychiatrist told me I had to keep seeing him or I would be lost.
New patients tell me things like this all the time. And they tell me how former therapists sat, listened, nodded and offered little or no advice, for weeks, months, sometimes years.  A patient recently told me that, after seeing her therapist for several years, she asked if he had any advice for her. The therapist said, “See you next week.” 
When I started practicing as a therapist 15 years ago, I thought complaints like this were anomalous. But I have come to a sobering conclusion over the years: ineffective therapy is disturbingly common.
Talk to friends, keep your ears open at a cafe, or read discussion boards online about length of time in therapy. I bet you’ll find many people who have remained in therapy long beyond the time they thought it would take to solve their problems. According to a 2010 study published in the American Journal of Psychiatry, 42 percent of people in psychotherapy use 3 to 10 visits for treatment, while 1 in 9 have more than 20 sessions.
For this 11 percent, therapy can become a dead-end relationship. Research shows that, in many cases, the longer therapy lasts the less likely it is to be effective. Still, therapists are often reluctant to admit defeat.
A 2001 study published in the Journal of Counseling Psychology found that patients improved most dramatically between their seventh and tenth sessions. Another study, published in 2006 in the Journal of Consulting and Clinical Psychology, looked at nearly 2,000 people who underwent counseling for 1 to 12 sessions and found that while 88 percent improved after one session, the rate fell to 62 percent after 12. Yet, according to research conducted at the University of Pennsylvania, therapists who practice more traditional psychotherapy treat patients for an average of 22 sessions before concluding that progress isn’t being made. Just 12 percent of those therapists choose to refer their stagnant patients to another practitioner. The bottom line: Even though extended therapy is not always beneficial, many therapists persist in leading patients on an open-ended, potentially endless, therapeutic course.
Proponents of long-term therapy have argued that severe psychological disorders require years to manage. That may be true, but it’s also true that many therapy patients don’t suffer severe disorders. Anxiety and depression are the top predicaments for which patients seek mental health treatment; schizophrenia is at the bottom of the list.
In my experience, most people seek therapeutic help for discrete, treatable issues: they are stuck in unfulfilling jobs or relationships, they can’t reach their goals, are fearful of change and depressed as a result. It doesn’t take years of therapy to get to the bottom of those kinds of problems. For some of my patients, it doesn’t even take a whole session.
Therapy can — and should — focus on goals and outcomes, and people should be able to graduate from it. In my practice, the people who spent years in therapy before coming to me were able to face their fears, calm their anxieties and reach life goals quickly — often within weeks.
Why? I believe it’s a matter of approach. Many patients need an aggressive therapist who prods them to face what they find uncomfortable: change. They need a therapist’s opinion, advice and structured action plans. They don’t need to talk endlessly about how they feel or about childhood memories. A recent study by the National Institute for Health and Welfare in Finland found that “active, engaging and extroverted therapists” helped patients more quickly in the short term than “cautious, nonintrusive therapists.”
This approach may not be right for every patient, but the results described in the Finnish study are consistent with my experience.
If a patient comes to me and tells me she’s been unhappy with her boyfriend for the past year, I don’t ask, as some might, “How do you feel about that?” I already know how she feels about that. She just told me. She’s unhappy. When she asks me what I think she should do, I don’t respond with a return interrogatory, “What do you think you should do?” If she knew, she wouldn’t ask me for my thoughts.
Instead I ask what might be missing from her relationship and sketch out possible ways to fill in relationship gaps or, perhaps, to end it in a healthy way. Rather than dwell on the past and hash out stories from childhood, I encourage patients to find the courage to confront an adversary, take risks and embrace change. My aim is to give patients the skills needed to confront their fear of change, rather than to nod my head and ask how they feel.
In graduate school, my classmates and I were taught to serve as guides, whose job it is to help patients reach their own conclusions. This may work, but it can take a long time. I don’t think patients want to take years to feel better. They want to do it in weeks or months.
Popular misconceptions reinforce the belief that therapy is about resting on a couch and talking about one’s problems. So that’s what patients often do. And just as often this leads to codependence. The therapist, of course, depends on the patient for money, and the patient depends on the therapist for emotional support. And, for many therapy patients, it is satisfying just to have someone listen, and they leave sessions feeling better.
But there’s a difference between feeling good and changing your life. Feeling accepted and validated by your therapist doesn’t push you to reach your goals. To the contrary, it might even encourage you to stay mired in dysfunction. Therapy sessions can work like spa appointments: they can be relaxing but don’t necessarily help solve problems. More than an oasis of kindness or a cozy hour of validation and acceptance, most patients need smart strategies to help them achieve realistic goals.
I’m not against therapy. After all, I practice it. But ask yourself: if your hairstylist keeps giving you bad haircuts, do you keep going back? If a restaurant serves you a lousy meal, do you make another reservation? No, I’m sure you wouldn’t, and you shouldn’t stay in therapy that isn’t helping you, either.


Jonathan Alpert is a New York psychotherapist and the author of “Be Fearless: Change Your Life in 28 Days.”
Fonte: http://www.nytimes.com/2012/04/22/opinion/sunday/in-therapy-forever-enough-already.html?pagewanted=all 
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     Se vocês quiserem, podem também ler a entrevista (traduzida para o português) que ele forneceu ao jornal "Folha", disponível nesse endereço: http://sergyovitro.blogspot.com.br/2012/05/psicoterapia-deve-ter-metas-e-nao-se.html?spref=fb
     Há algumas semanas publiquei nesse mesmo blog um texto falando sobre essa questão da psicoterapia de determinadas abordagens que ao invés de oferecer tratamento respaldado em evidência, prolongam o sofrimento do paciente através de práticas pseudocientíficas. Leia aqui: http://psiquepseudo.blogspot.com.br/2012/03/crise-das-psicoterapias-e-briga-entre.html

Muito obrigado pela atenção, e até breve!


sexta-feira, 4 de maio de 2012

Palestra sobre a Ciência da Mentira, do Auto-Engano e do Narcisismo

Saudações!


Estou postando essa mensagem para divulgar uma palestra que realizei na última quarta-feira, abordando as questões referentes à natureza psicológica da Mentira, do Auto-Engano e do Narcisismo, com base em evidências.
A filmagem se encontra disponível nesse endereço: http://www.youtube.com/watch?v=hs46aRdL4_k
As referências utilizadas na palestra foram:

BARNACZ, A. AMATI, F. FENTON, C. JOHNSON, A. KEENAN, J. Deception and Dating: knowledge of tacticts may improve detection accuracy. Journal of Social, Evolutionary and Cultural Psychology, vol. 3, nº 1, 2009.
BEER, J. HUGHES, B. Self-Enhancement: a Social Neuroscience Perspective. 2009.
BRESSAN, P. Why babies look like their daddies: paternity uncertainty and the evolution of self-deception in evaluating family resemblance. Acta Ethol, vol. 4, 2002.
BROSNAN, S. BSHARY, R. Cooperation and deception: from evolution to mechanisms. Phil Trans R Soc B, vol. 365, 2010.
BRUNET, M. Why bullying victims are not believed: differentiating between children's true and fabricated reports of stressful and non-stressful events. Dissertação de Mestrado: University of Toronto, 2009.
CHANCE, Z. NORTON, M. GINO, F. ARIELY, D. Temporal view of the cost and benefits of self-deception. PNAS, 2011.
DAVID, G. CONDOR, C. BYWATER, C. ORTIZ-BARRIENTO, D. WILSON, R. Receiver limit the prevalence of deception in humans: evidence from diving behaviour in soccer players. PLoS ONE, vol. 6, nº 10, 2011.
EDELSTEIN, R. LUTEN, T. EKMAN, P. GOODMAN, G. Detecting lies in children and adults. Law Hum Behav, vol. 30, 2006.
EGAN, L. Self-deception is adaptative in itself. Behavioral and Brain Sciene, vol. 34, nº 1, 2011.
EKMAN, P. Como detectar mentiras. Buenos Aires: Paidós, 2010.
FAN, Y. WONNEBERGER, C. ENZI, B. GRECK, M. ULRICH, C. TEMPELMAN, C. BOGERTS, B. DOERING, S. NORTHOFF, G. The narcissistic self and its psychological and neural correlates: an exploratory fMRI study. Psychological Medicine, 2010.
GREVE, W. WENTURA, D. True Lies: self-stabilization without self-deception. Consciousness and Cognition, 2010.
HARNAD, S. Deceiving ourselves about self-deception. Behavioral and Brain Sciences, vol. 34, nº 1, 2011.
HIPPEL, W. TRIVERS, R. The evolution and psychology of self-deception. Behavioral and Brain Sciences, vol. 34, 2011.
HOLTZMAN, N. STRUBE, M. Narcissism and Attractiveness. Journal of Research in Personality, vol. 44, 2010.
HOLTZMAN, N. VAZIRE, S. MEHL, M. Sounds like a narcissist: behavioral manifestations of narcissism in everyday life. J Res Pers, vol. 44, nº 4, 2010.
KRUSEMARK, E. Neural correlates of self-enhancement in narcissism: an electroencephalography investigation. Tese de Doutorado, University of Georgia, 2006.
KWAN, V. BARRIOS, V. GANIS, G. GORMAN, J. LANGE, C. KUMAR, M. SHEPARD, A. KEENAN, J. Assessing the neural correlates of self-enhancement bias: a transcranial magnetic stimulation study. Exp Brain Res, 2007.
LIVINGSTONE-SMITH, D. Por que mentimos?. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.
MIJOVÍC-PRELEC, D. PRELEC, D. Self-deception as self-signalling: a model and experimental evidence. Phil Trans R Soc B, vol. 365, 2010.
PANASITI, M. PAVONE, E. MERLA, A. AGLIOTI, S. Situational and dispositonal determinants of intentional deceiving. PLoS ONE, vol. 6, nº 4, 2011.
PIENAAR, C. The role of self-deception in leadership ineffectiveness: a theoretial overview. South African Journal of Psychology, vol. 39, nº 1, 2007.
RAMACHANDRAN. V. The evolutionary biology of self-deception, laughter, dreaming and depression: some clues from anosognosia. Medical Hypotheses, vol. 47, 1996.
RODRIGUES, A. ARRIAGA, P. Haverá diferenças individuais na capacidade para detectar a mentira e a honestidade nos outros?. Psicologia, vol. 24, nº 2, 2010.
SCHOBER, M. GLICK, P. Self-deceptive speech: a psycholinguistic view. Personality and Psychopathology, 2010.
WRIGHT, G. BERRY, C. BIRD, G. "You can't kid a kidder": association between production and detection of deception in an interactive deception task. Frontiers in Human Neuroscience, vol. 6, nº 87, 2012.
XU, F. BAO, X. FU, G. TALWAR, V. LEE, K. Lying and truth-telling in children: from concept to action. Child Dev, vol. 81, nº 2, 2010.

Muito obrigado, e até breve!

quinta-feira, 8 de março de 2012

Richard Dawkins e a Psicologia: Por que O GENE EGOÍSTA é tão importante para a psicologia?”


Um dos livros que mais marcaram a minha formação acadêmica foi “O Gene Egoísta”, de Richard Dawkins. Lembro que foram muitos os meus colegas de classe que criticaram nosso professor de fisiologia por ter exigido a leitura dessa obra, afinal – diziam eles – “O que isso tem a ver com Psicologia?”.
Voltarei a essa pergunta em breve, mas antes disso, é necessário explicar – àqueles que ainda não conhecem – quem é Richard Dawkins e qual o argumento do livro “O Gene Egoísta”.
Richard Dawkins é um biólogo evolucionista (“biólogo evolucionista” é uma redundância, assim como “psicólogo evolucionista”, mas enfim, falarei sobre isso em publicações futuros) britânico, e além de ter lecionado em várias universidades (com Oxford e Universidade da Califórnia em Berkley) já assumiu a função de titular da cátedra de Compreensão Pública da Ciência de Oxford. Aliás, devido às suas obras de divulgação científica com linguagem altamente acessível à população geral, recebeu em 2005 o “Prêmio Shakespeare” concedido pela “Alfred Toepfer Stiftung”. Como se não bastasse, ele também recebeu a Medalha de Prata da "International Society of Zoology" (1989), o Prêmio Michael Faraday da "Royal Society" (1990) e o Prêmio Kistler da "International Cosmos Prize" (2001), além do fato de ter sido considerado - em 2005 - pela revista "Prospect" como o maior intelectual britânico, e o terceiro maior intelectual do mundo. Atualmente, com seus quase 71 anos de idade, é membro oficial da Royal Society, autor de livros de divulgação científica, colunista de prestigiados jornais ao redor do mundo (como o "The Guardian") e militante ateu, sendo o fundador da "The Richard Dawkins Foundation for Reason and Science" (sobre a qual vou falar na segunda parte dessa discussão). No Brasil, praticamente todos os seus livros já foram lançados pela editora Companhia das Letras: "O Gene Egoísta" (1976); "O Relojoeiro Cego" (1986); "O Rio que Saía do Éden" (1995); "A Escalada do Monte Improvável" (1997); "Desvendando o Arco-Íris" (1998); "O Capelão do Diabo" (2003); "Deus: um delírio" (2006); "A Grande História da Evolução" (2007); "O Maior Espetáculo da Terra" (2009) e, bem recentemente, "A Magia da Realidade" (2012).
Pois bem, agora que você já sabe – ao menos superficialmente – quem é Richard Dawkins, é hora de esclarecer sobre o conteúdo do “O Gene Egoísta”, que causou tanta polêmica na minha turma de psicologia.
Antes de tudo é preciso entender que até meados da década de 1950, não se tinha noção de como nossos genes estavam configurados no núcleo de nossas células e por isso, o conhecimento da genética ainda era bem precário. Com isso você pode imaginar o quão rudimentar era a biologia na época de Charles Darwin (100 anos antes disso). Por causa dessas limitações tecnológicas Darwin morreu sem nunca sequer imaginar o que de fato era o alvo do processo da seleção natural. Por isso, o máximo que ele pode concluir é que as estruturas dos seres vivos sofriam a ação da seleção natural (e sexual) e se configuravam da maneira mais adaptada ao ambiente. Durante os anos que se seguiram, essa “lacuna” deixada pela falta de conhecimento sobre a genética fomentou uma série de teorias – hoje reconhecidas como errôneas, ou incompletas – para explicar como se dava a evolução. Entre essas teorias estava a “Teoria da Seleção de Grupo” que considerava o grupo social ou a espécie como sendo um “super-ogranismo” e que esse organismo era alvo da seleção natural. Essa concepção deu origem à famosa frase que provavelmente você já ouviu sendo repetida por algum professor de biologia: “A evolução age pelo bem da espécie!”. Essa noção equivocada só começou a ser contestada em 1964, pelo biólogo William Hamilton.
Permita-me transcrever aqui um parágrafo do livro “Instinto Humano” de Robert Winston, em que ele descreve como Hamilton chegou à conclusão de que a biologia da sua época estava errada. Não nego que possa ser uma descrição um tanto quanto romanceada, porém, ainda assim acredito que deva ter acontecido de forma muito semelhante na vida real.
No início dos anos 60, um desconhecido estudante universitário norte-americano chamado William Hamilton estava ficando frustrado com a biologia evolucionista tradicional, que, segundo ele, estava repleta de erros sobre a ideia da seleção em grupo. Ele frequentava palestras de biólogos mais velhos que acreditavam firmemente que a seleção em grupo era a principal forma pela qual se processava a evolução. Depois de ir a uma dessas palestras na Universidade de Chicago, Hamilton saiu resmungando: “Alguma coisa precisa ser feita”. (p. 205).
E ele fez! Ao publicar seu principal artigo: "The genetical evolution of social behaviour" (a evolução genética do comportamento social) na prestigiada "Journal of theoretical biology", ele demonstrou matematicamente que a lógica de seleção de grupo era falha, e que o alvo da seleção natural eram os genes, e não os indivíduos ou a espécie. Ele conseguiu enxergar aquilo que Darwin não poderia ter visto (afinal, a estrutura do DNA só foi descoberta na década de 1950, por Francis Crick e James Watson, ganhadores do Nobel). Desde então, sua teorização vem sendo replicada e até o momento não conseguiu ser “vencida” por nenhum outro paradigma, se mantendo assim como a forma mais correta de se entender a evolução. Ou seja, hoje sabemos que a evolução se dá no nível dos genes, selecionando aqueles genes que possuem a capacidade de desenvolver mecanismos capazes de favorecer a sobrevivência e reprodução do indivíduo, e então – só então – cria-se uma sociedade (ou espécie) em que todos os membros tenham essas variações genéticas adaptadas.
Ao longo dos 12 anos, entre a publicação de Hamilton, e o lançamento do livro “O Gene Egoísta”, pelo menos outros três cientistas foram a inspiração de Richard Dawkins: George Williams; Robert Trivers e Edward O Wilson. Falarei sobre eles em outra ocasião, mas você pode pesquisar na internet por enquanto para descobrir quem são e o que fizeram. O que é necessário saber por hora é que todos foram biólogos que contribuíram significativamente (tanto quanto William Hamilton) para aprimorar a compreensão da Teoria da Evolução e inauguraram aquilo que muitos consideram como sendo o movimento dos “neo-darwinistas”, ou seja, cientistas que se baseiam nas descobertas do Darwin (que são assombrosamente assertivas, tendo em vista a tecnologia precária da época), mas vão além, utilizando a tecnologia, o conhecimento científico acumulado até hoje e uma dose significativa de criatividade e ousadia, na tentativa de explicar melhor os fenômenos naturais.
Ai então entra em cena o saudoso Richard Dawkins, que conseguiu criar uma metáfora perfeita para explicar ao público leigo – logo pelo título – o princípio moderno da evolução: o dos genes egoístas. Então, “Gene Egoísta” é uma expressão genial cunhada por ele para explicar de forma simples que a evolução se dá no nível dos genes, ou seja, nas palavras dele todos os seres vivos são “máquinas gênicas” (inclusive humanos) e a lógica é que aqueles genes capazes de desenvolver em suas máquinas hospedeiras habilidades suficientes para sobreviver e se reproduzir, são selecionados. Os que não, são descartados. Tudo isso por um processo cego e caótico chamado “evolução por seleção natural e sexual”.
Ok! Mas você contou um monte de histórias, de biografias, de teorias... Mas o que isso tem a ver com a psicologia?”. TUDO! O livro todo é recheado de exemplos matemáticos e biológicos mostrando que os seres humanos não são especiais no planeta Terra. Nós somos apenas “mais uma espécie”, ou seja, mais um bando de “máquinas gênicas” que funcionam à base de “genes egoístas”. Sigmund Freud já tinha considerado Charles Darwin como sendo o responsável pelo segundo golpe narcísico da humanidade – quando ele mostrou que os humanos (em menor ou maior grau) são parentes de todos os outros animais, e não criados à imagem e semelhança de Deus – então, a forma como o livro “O Gene Egoísta” foi escrita sangra mais ainda essa ferida narcísica. E isso é importante porque nos permite exercitar de forma mais consciente a máxima de Sócrates: Conhece-te a ti mesmo! Dessa forma, descemos do pedestal da superioridade e passamos a entender que não fugimos às regras da natureza, logo, todos os fenômenos são – em última instância – causados por genes que se ativam, ou que deixam de se ativar. Isso significa que: cultura, arte, ciência, tecnologia, efim, tudo isso só existe porque temos genes responsáveis por criar mecanismos específicos em nosso cérebro que nos possibilita apreender a cultura, arte, ciência e tecnologia. Sem esse mecanismo geneticamente construído, não há nada dessas coisas!
Recentemente estava discutindo com uma acadêmica de psicologia que justamente reproduzia o raciocínio falacioso de considerar os seres humanos como sendo algo à parte do mundo animal, e que a cultura seria independente – e até causadora – da biologia. Nada mais equivocado! O pai do funcionalismo, o filósofo – e responsável pela disseminação da psicologia na América – William James, já reconhecia desde o final do século XIX que os humanos não diferem dos outros animais por ter menos instintos. Muito pelo contrário, somos diferentes porque nascemos com MAIS instintos. Quero deixar bem claro que não estou usando William James como referência para argumentar isso; mas apenas como fato histórico. A concepção de que os seres humanos apresentam tal variedade de comportamentos pelo fato de terem mais instintos, e não menos, foi evidenciada por pesquisas científicas avançadas e recentes, tanto a nível de experimentação social, quanto com estudos de neuroimagem funcional e mesmo de genética comportamental, que só vieram a confirmar o que James falou há mais de 100 anos.
Isso nos possibilita entender que a cultura humana é fruto de um conjunto de instintos que outros animais não tem, da mesma forma que os rituais de acasalamento de gorilas africanos são frutos de instintos que nós humanos não temos. Os genes são selecionados para favorecer a sobrevivência e reprodução dos indivíduos de acordo com o nicho ecológico que eles ocupam (nem mais, nem menos). Todos os seres vivos do planeta (e mesmo aqueles que eventualmente possam existir em outros planetas do universo) são os mais complexos e adaptados possíveis às condições de onde vivem.
Essa é uma das razões pela qual sou tão grato àquele sábio professor de fisiologia que exigiu de nós a leitura desse livro. Entrar em contato com uma obra dessa logo no segundo ano de faculdade com certeza foi um diferencial para mim e me possibilitou entender e criticar muitas das coisas que – parafraseando Theodosius Dobzhansky – não faziam sentido à luz da evolução. Quando você começa a perceber que tudo tem uma explicação físico-química (desde a osmose celular à empatia humana) você se vê diante de uma possibilidade quase infinita de adquirir novos – e empolgantes – conhecimentos todos os dias. Usando o jargão psicanalítico, pode-se dizer que esse é o grande gozo dos cientistas.
Tenha um excelente dia, e não deixe de voltar aqui em breve, e ajudar na divulgação desse blog para familiares e amigos.
Muito obrigado!

Referências:
BARKOW, Jerome. COSMIDES, Leda. TOOBY, John. The Adapted Mind: Evolutionary Psychology and Generation of Culture. Oxford University Press: New York, 1992.
COSMIDES, Leda. TOOBY, John. Evolutionary Psychology: a Primer. Disponível em: http://www.psych.ucsb.edu/research/cep/primer.html
DAWKINS, Richard. O Gene Egoísta. Belo Horizonte: Itatiaia, 2001.
GRAFEN, Alan. RIDLEY, Mark. Richard Dawkins: how a scientist changed the way we think. Oxford University Press: New York, 2006.
MILLER, Alan. KANAZAWA, Satoshi. Por que homens jogam e Mulheres compram sapatos. Rio de Janeiro: Prestígio, 2007.
PINKER, Steven. Tábula Rasa: a negação contemporânea da Natureza Humana. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
PLATEK, Steven. KEENAN, Julian. SHACKELFORD, Todd. Evolutionary Cognitive Neuroscience. MIT Press: Cambridge, 2007.
PLATEK, Steven. SHACKELFORD, Todd. Foundations in Evolutionary Cognitive Neuroscience. Cambridge University Press: Cambridge, 2009.
WINSTON, Robert. Instinto Humano. São Paulo: Globo, 2006.

sexta-feira, 2 de março de 2012

A Crise das "Psicoterapias" e a briga entre os Conselhos Federais


No dia 08 de Fevereiro de 2012, logo após a aprovação do Projeto de Lei 7703/2006 conhecido como “Ato Médico” pela “Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado”, o atual presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM) Roberto d’Avila deu uma entrevista onde lançou a seguinte frase, quando lhe foi perguntado com relação ao papel do psicólogo no tratamento dos pacientes com transtornos mentais: “Como tratarão neuroses, esquizofrenia? Só com papo e conversa? De jeito nenhum. Essas doenças são causadas por deficiências bioquímicas, e os pacientes precisam de medicamentos”. Quase que imediatamente essa colocação ganhou a internet – principalmente os sites que abordam as questões relacionadas ao comportamento – e a partir de então vem recebendo dezenas de críticas. No dia 23 de Fevereiro, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) publicou em seu website oficial uma “Nota de Repúdio” à colocação de d’Avila, que finalizou com: “A Psicologia repudia essa fala pois tem certeza que não só os psicólogos, mas os próprios médicos não concordam com uma posição retrógrada e limitada como esta”.

Eu sou psicólogo, e procuro sempre participar de discussões e debates – seja pessoalmente, seja mediado pelo computador – e nessas discussões pude perceber que foram muitas as críticas ofensivas ao presidente do CFM; porém muitos poucos profissionais tentaram compreender o subtexto da colocação dele. Para além de julgar se ele está certo ou errado é necessário – e urgente – buscar compreender a razão pela qual um Presidente de um Conselho Federal de Medicina, nutre essa visão com relação aos profissionais da psicologia. Atacá-lo com “paus e pedras” não vai “exorcizar” essa crença disfuncional com relação à função da psicoterapia. É preciso entender o argumento dele, e tentar desconstruí-lo com base em evidências, para assim conscientizar a população em geral (acadêmica ou não) de que a psicologia clínica não é “só papo e conversa”. Mas é quando chegamos nesse ponto que nos deparamos com um grande problema!

No início dos anos 1990, o Dr. David Sackett da McMaster University (Canadá) fundou um movimento conhecido como “Medicina Baseada em Evidências” e coordenou uma equipe de pesquisadores responsáveis por varrer a literatura médica e descartar práticas que não estejam baseadas em evidências científicas, ou seja, que não derivavam de estudos com métodos controlados que produziram conclusões estatisticamente significativas capazes de embasá-las. Com isso, ele invalidou muitas das práticas médicas consideradas “eficazes”, mas que na realidade possuiam um efeito igual – ou pior – que o mero acaso. Aos poucos, esse paradigma de “ciência baseada em evidência” começou a se manifestar em outras áreas do conhecimento, não só da saúde, mas também administração, direito, educação, etc. Em meados dos anos 2000, essa visão chegou à psicologia (tanto clínica, quanto educacional, organizacional, jurídica, etc). A partir de então, várias foram as publicações na área e, uma das questões mais visadas até hoje se refere a estudar a eficácia da psicoterapia.

Para esses estudos, geralmente – mas não sempre – se analisam as duas modalidades mais utilizadas: a “Terapia Cognitivo-Comportamenal” e a “Terapia Psicodinâmica”, e geralmente se opta por um método relativamente simples de pesquisa, que consiste em avaliar o paciente antes e após o tratamento, para verificar se ele teve êxito. Por exemplo, uma população de pacientes com diagnóstico de Depressão Maior. Suponha que essa população tenha um total de 200 indivíduos. Todos eles são avaliados antes do tratamento, utilizando o mesmo questionário padronizado, para evitar ao máximo qualquer diferenciação. Na sequência, metade deles (100 indivíduos) iniciam a Terapia Cognitivo-Comportamenal e a outra metade inicia a Terapia Psicodinâmica. Todos os profissionais envolvidos sabem que o foco da terapia é a depressão. Depois de um dado número de sessões, todas essas pessoas são novamente avaliadas (através do mesmo questionário aplicado no início) e então se faz um cálculo simples: [Resultado Final – Resultado Inicial]. Se o resultado é positivo, isso significa que a psicoterapia a qual ele foi submetido pode ter tido algum efeito. Então, chega o momento de realizar outros testes estatísticos para poder considerar se aquele resultado positivo se deve mesmo à terapia, ou é fruto do acaso. Por fim, comparam-se esses resultados e gera-se uma conclusão, que depois será publicada numa revista científica, criticada pelos seus pares e replicada em outros lugares do mundo com o objetivo de constatar se o resultado procede ou não.

Mas afinal, depois de todo esse processo, o que se descobriu sobre a psicoterapia? Existem dezenas de evidências demonstrando que a “Terapia Cognitivo-Comportamenal” é muito eficaz para uma série de transtornos mentais (depressão, fobia social, transtorno de estresse pós-traumático, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, anorexia, esquizofrenia, etc), seja em combinação com medicação, seja sem medicação. A Terapia Psicodinâmica apresenta algumas evidências, mas ainda são muito poucas e há inclusive trabalhos mostrando que ela não é eficaz. E quanto às outras abordagens? A resposta é “não apresentam nada”, ou “quase nada” (um ou outro artigo isolado, sem replicação nenhuma).

Evidentemente que nenhuma ciência é perfeita. É possível que daqui a algum tempo surja uma nova modalidade terapêutica que apresente evidências significativamente fortes para desbancar a Terapia Cognitivo-Comportamenal! Nesse caso, os verdadeiros psicólogos terão que abrir mão de tudo o que pensavam saber sobre a dinâmica clínica do paciente, e começar a se dedicar a essa nova abordagem. Toda ciência funciona assim, e a psicologia não poderia ser diferente. Como já dizia Thomas Kuhn, o conhecimento científico evolui quando um paradigma vigente entra em crise e é substituído por outro, que se mantém superior até que outro paradigma ainda melhor o substitua, e assim sucessivamente ad infinitum. Claro, nem sempre esse processo de substituição é simples. Às vezes é tão complicado e doloroso como um “parto seco”, mas, nesse caso, já está mais do que na hora da criança nascer!

A triste verdade é que uma grande porcentagem de psicólogos(as) no Brasil não está acostumada a raciocinar com base em evidências. Muitos defendem sua atuação (seja na clínica, na escola, na empresa, etc) sustentando-se “no que alguém disse que deve ser feito”, e esse “alguém” geralmente é um sujeito que viveu na primeira metade do século passado e não realizou (seja por falta de interesse, seja por falta de recursos tecnológicos) nenhum estudo controlado para fundamentar sua teoria. E devido a essa cultura quase que religiosa (em que não se preocupa em provar nada, apenas se segue as palavras de um ou mais “profetas”), os profissionais que aderem a essas teorias continuam errando ao não testar empiricamente sua abordagem, e reproduzindo uma prática não científica. O detalhe é que a psicologia é uma ciência, e esses profissionais pseudocientíficos não abrem mão do título de “psicólogo(a)”. Além disso, é bem provável que aqui jaza a razão para a fala do presidente do CFM que gerou tanto reboliço. Afinal, até que se prove o contrário, muitas abordagens de psicologia clínica (nem todas, é claro) são sim um “bate papo”, onde o profissional está teoricamente confuso e o cliente está realmente perdido, e ludibriado, pois acreditou ter confiado seus conflitos às mãos de um profissional cientificamente respaldado.

Referências:

O famoso ato médico - Projeto de Lei 7703/2006. Disponível em: http://direitodomedico.blogspot.com/2008/03/o-famoso-ato-mdico-projeto-de-lei.html

Atuação de profissionais da saúde é ampliada em votação no Senado. Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,atuacao-de-profissionais-da-saude-e-ampliada-em-votacao-no-senado,833205,0.htm

Nota de Repúdio à fala do Presidente do CFM. Disponível em: http://www.pol.org.br/pol/cms/pol/noticias/noticia_120223_001.html

LEAHY, R. Cognitive-Behavioral Therapy: Proven Effectiveness. Disponivel em: http://www.psychologytoday.com/blog/anxiety-files/201111/cognitive-behavioral-therapy-proven-effectiveness

TOLIN, D.F. Is cognitive-behavioral therapy more effective than other therapies? meta-analytic review. Clinical Psychology Review, 2010.

Nasce o blog!


Junto com outros milhares de blogs espalhados pelo mundo todo, nesta sexta-feira, o blog “Psique & Pseudo” entra em cena pela primeira vez. Geralmente, as inaugurações são celebradas com festas e coquetéis, mas esse caso em específico dispensa essa forma de comemoração.
Isso porque não me traz felicidade ter que montar este blog. Gostaria de jamais ter que escrevê-lo. Meu mundo muito mais colorido se minha motivação para criar o “Psique & Pseudo” fosse ZERO, pois isso significaria que a ciência à qual dediquei minha formação (Psicologia) estaria de acordo com todas as premissas de o que se pode considerar “ciência”... Mas não está.
Defenderei a existência de um surpreendente número de paradoxos e verdadeiros memes parasitas (idéias/concepções tóxicas) que corrompem o sentido de ciência da Psicologia, gerando assim danos em todas as esferas onde o pseudo-psicólogo irá agir, fomentando assim não o crescimento, mas a gradual destruição da sociedade. Vocês podem agora estar pensando: “Esse cara está exagerando”, mas eu vou mostrá-los – nos textos publicados na sequência – que o que digo, infelizmente, é verdade.
Por isso meu objetivo aqui não é comemorar. Não é rir e beber vinho em comunhão com todos, embriagando-me enquanto epistemes falidas e ultrapassadas arranham a ciência psicológica. Meu objetivo aqui é ridicularizar, é gerar desconforto, é por em evidência essas pseudopsicologias, é ser ácido e enfático nos argumentos, é ser eloquente e sério quando digo que estamos em crise. Desejo, conforme o grande filósofo da ciência Daniel Dennett diz: criar imunidade intelectual nas pessoas que lerem as postagens desse blog, fazendo com que elas consigam compreender o que faz e o que não faz sentido quando ouvem alguém falar sobre psicologia, e assim incentivar uma prática baseada em evidência.
Meu nome é Thales Coutinho e sou “só” psicólogo (sem pós, mestrado, doutorado, nem nenhum outro conjunto de letras depois do nome), no entanto irei sempre me basear nos trabalhos publicados por prestigiados pós-doutores, professores-pesquisadores de renomadas universidades ao redor do mundo. Também aproveito para esclarecer que não faço parte de nenhuma sociedade, nem represento os interesses de nenhuma instituição. Aqui, o negócio é a ciência pura e simples, sem nenhum conflito de interesses.
E que venham as críticas... E as críticas às críticas!
*Observação Importante: Não critiquem minha postura pessoal. Não estou obrigando ninguém a gostar ou não gostar de mim. Por isso, quando criticarem – e espero que o façam – foquem sua crítica no raciocínio, e não na pessoa que raciocina; façam um esforço para desconstruir “aquilo que o Thales disse”, e não “o Thales”. Não fazer isso é incorrer numa falácia já descrita e conhecida como “Ad Hominen”, que não só é ilógica – afinal, me atacar pessoalmente não vai fazer com que meus argumentos tenham menos sentido – como também super desagradável e mal educada. Grato pela compreensão! =)
*Nota: Salvo em raras situações (que serão devidamente referenciadas), o conteúdo textual aqui disponível será de minha autoria (Thales), porém, sou muito grato ao apoio tecnológico de Lence Skymon, que contribuiu - e continuará contribuindo - para que este blog se torne mais dinâmico e interativo. Valeu pela força, Lence! \o/